sábado, agosto 25, 2007

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Podemos não ter futuro. Qualquer um de nós (e isso é provavel) pode acabar perdendo a vida bem mais cedo do que imagina.

Mas suponhamos que apenas um sobreviva. Não interessa quem, vamos apenas fingir que um de nós sobreviveu pra relatar a historia.


Como esse um de nós vai se sentir quando entrar no blog de novo e perceber como eramos no passado? vai ter saudades? saudades do tempo em que adorava ser só mais um inutil completo e um idiota memoravel?

Ou sera que vai ter é vergonha? tantas coisas por ai, jogadas, vomitadas. o vomito nunca é bonito de se ver, ainda mais quando é seu proprio vomito, suas proprias entranhas expostas ao meio mundo. talvez tenha vergonha.

Ou talvez o contrario. Talvez ele tenha um bocado de orgulho, se vendo tão pequeno, tão inocente. Talvez esse homem tão perdido entre tudo acabe mostrando para todos os seus conhecidos e amigos aquilo que um dia ele foi. e olhem como ele é inteligente, como é sagaz. Como é sintaticamente verossimel.


Ou talvez ele sinta um pouco de superioridade. Vai olhar pra tras e perceber o quanto era estupido. o quanto era medroso. o quanto era tolo em acreditar que, não acreditando em nada podia se chegar em algum outro lugar que não esse, que todos nós, os outros, finalmente chegamos.

Talvez ele acabe sentando no chão sujo do local onde está e, de repente comece a chorar feito um moleque. Ninguem vai entender o porque aquele velho está chorando. Nem ele, o proprio nós do futuro, vai entender qual é o motivo de tantas lagrimas. Mas ele chora. e chora até virar uma pequena casca seca e vazia de memorias.

é até possivel que esse que nos re-lê não entenda absloutamente nada do que está olhando. é possivel que ele tenha ficado tão velho, mas tão velho, que a propria noção daquilo que é ser jovem e sentir que toda a vida escorre por seus dedos enquanto todo o resto do mundo tenta de verdade sorrir tenha se perdido entre goles de alcool e injeções de heroina.


Mas, para você, velho nós que conseguiu chegar até ai. você que cree que somos nada exceto um reflexo desgastado daquilo que foste um dia, você que acredita que é corajoso, que é forte, que sonha toda noite com os sucessos que provavelmente nunca vai ter amanha.
Você, saiba de um apenas uma coisa:


Somos Todos Mentirosos.







cb4

domingo, agosto 19, 2007

Leave It like It was before.

Vamos, diga alguma verdade.
Você acelerou descontroladamente em direção a um muro? Talvez sim, mas freiou na última hora da mesma maneira.
Leu versos que pareceram conter universos dentro de si? Pode até ser, mas não pôs nada em prática, não aprendeu nada. De que adianta uma imagem bonita para você? Os outros não acham, não há com quem compartilhar. Guarde para você da mesma maneira que na infância guardou seus brinquedos e hoje em dia guarda seus segredos. Faça piadas, minta incessantemente quando estiver bêbado. É melhor assim, eles preferem, eles acreditam. É só repetir a mentira um número suficiente de vezes que todos acreditarão ser verdade, o ditado é mais velho que a idéia.
E o que mais há para se fazer além disso? O muro está fora do seu alcance, o chão está longe demais, o corte nunca é suficientemente profundo.
Alias, os cortes, os cortes. Pontas dos dedos machucadas, corpo deformado. Até onde pode fingir que a dor controlada pode suprir o desejo de acabar com a dor incontrolável? Só até que não doa mais. E isso pode demorar. E isso vai demorar. Só porque te disseram que nunca vai acontecer.
If I'm small it'll swallow me up. É melhor correr. Fingir é trabalhoso demais, só corra mesmo. Corra, corra corra. Em pouco tempo esquecerão, em pouco tempo aqueles elogios que você ouviu desaparecerão. Eles sempre desaparecem. É incrível como ações presentes valem mais do que qualquer uma passada. Ela esquecerá, você esquecerá.
Diga uma verdade, apenas uma, para que isso faça sentido. A comida não tem mais gosto? Foda-se, os nutrientes vão para onde tem de ir, você continua vivendo. O dormis não contém mais sonhos? Quem vai se importar com isso? Ainda acorda descansado da mesma maneira, consegue permanecer desperto o suficiente o próximo dia inteiro, então do que reclamar. Não há com quem compartilhar os verdadeiros segredos? Melhor assim, ninguém deve saber de nada mesmo. Guarde para si, guarde tudo para si. Jamais entrega nada a ninguém. Ninguém é de confiança, ninguém estará. Diga uma verdade, uma verdade apenas.

É verdade, ela não explica nada. Não ajuda em nada. Não socorre em nada. Mas é a única que se tem.
I feel like shit.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Canela

*Casca aromática de uma planta de mesmo nome (Canella alba) *Madeira de caneleira *Parte da perna entre o joelho e o pé; crista da tíbia. *Pequeno canudo que em que se desenrola o fio para a tecelagem; bobina *Ciúme, despeito.



Só depois de assassinar & canibalizar minha traidora ex-esposa é que percebi que a parte mais horrivel dela (que eu sempre achei ser a canela) era na verdade só o inicio estranho de sua sola de pé alongada. deliciosa, alias.

cb4
Havia um pano e um homicida que esquartejava corpos dentro do pano, amontoando os pedaços até aparentar um corpo dentro do pano, a piada é que a cabeça era uma bunda flácida e o volume de pinto era a mão de uma criança, eram uns nervos tentando se religar, eram uns ossos crescendo ainda, juntando clavícula a fêmur, penetrando olhos e músculos, era um pano tinto sem se saber se de sangue ou de fábrica, era um pano que parecia cobrir um único corpo estancado.




by Suricate.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Pernas

Ela dizia ter pernas lindas. Eu sempre duvidei disso, as pernas estavam sempre escondidas. Nem uma única vez sequer ela me deixou vê-las, e as outras partes de seu corpo que ficavam à mostra não eram muito bonitos.
- Pode até ser assim com o resto. Mas elas são muito bonitas mesmo! Não têm nenhuma imperfeição. – Ela repetidamente me contava.
Um dia estava indo com um amigo encontrá-la em seu prédio. Foi ele quem reparou antes – “Por que será que tem tanta gente perto do prédio dela?”. Olhei para cima e a vi; estava sentada em cima da grade da sacada com as pernas para fora. Vestia apenas uma calcinha e uma camiseta velha, dessas que usamos só para ficarmos em casa. Fomos chegando mais perto, nos juntando à pequena multidão que se formara, quando consegui finalmente ver:
- Puxa..., ela tem pernas bonitas mesmo...
Logo em seguida ela as balançou para frente e para trás rapidamente, e no terceiro balanço, que foi para frente, jogou o corpo inteiro junto. Caiu tão depressa que as pessoas logo abaixo não conseguiram sair a tempo. Sua perna direita acertou um garoto no pescoço, matando-o também.