M.M.
era o ultimo mm da latinha, eu estava sentado no banco da praça Franco Maciel de Almeida em Paracatu quando ela apareceu. Eu estava dormindo nas ruas a mais de duas semanas, e só estava com o chocolate mm na boca porque tinha achado um tubinho com meia-duzia dos chocolates caido no meio da rua. Ela estava com cabelos curtos e um sorriso estranho, via claramente que ela não sabia como começar uma conversa comigo, mas sabia que deveria começar, todas as suas celulas, no menor grau de existencia a impeliam para isso. E eu estava ali, sentado num banco da praça, comendo um ultimo mm achado no chão sujo de uma praça de paracatu.
Ela não me levou pra casa dela. Ela nem morava ali, não mais pelo menos. A unica coisa que ela fez foi conversar verdadeiramente comigo, como nenhuma outra teve a coragem de fazer, nenhum tipo de conforto pessoal ou emocional, nada de bons conselhos e de auto ajuda, apenas a celebração da mediocridade refletida. E enquanto ela conversava, enquanto ela falava dela e de como gostava de coisas estranhas, de como odiava a existencia no tedio, como amava beber vinho direto da garrafa (vinho pobre, devo dizer) eu olhava pra ela e pra como ela mexia as mãos desordenadamente, enquanto as palavras saiam de algum lugar perdido em sua mente, atravessavam desertos de medo e insegurança verdadeira, indo para em sua boca e consequentemente caindo nos meus ouvidos, percebi o que a fez se aproximar de mim. Eramos iguais.
Semanas depois não a vi mais. Sempre nos encontravamos naquela praça suja, eu com fome de existencia verdadeira, ela com receio de morrer sozinha-infeliz-burra-perdida. sentavamos debaixo das arvores, um carro estacionado do nosso lado, e sorriamos um pro outro enquanto conversavamos sobre musica, filmes, tristezas e jazz. era engraçado o jeito com que a luz do sol mineiro batia nos olhos dela, não era lindo, não era romantico, nem era excitante. Mas era de um jeito que me lembrava algo, alguma coisa que eu tinha perdido no meio do caminho ao paraiso perdido, algo que ela ainda tinha e estava prestes a perder, indo atras de seu proprio sentido.
Depois que nunca mais nos vimos, acabei me apaixonando por ela.
cb4
Ela não me levou pra casa dela. Ela nem morava ali, não mais pelo menos. A unica coisa que ela fez foi conversar verdadeiramente comigo, como nenhuma outra teve a coragem de fazer, nenhum tipo de conforto pessoal ou emocional, nada de bons conselhos e de auto ajuda, apenas a celebração da mediocridade refletida. E enquanto ela conversava, enquanto ela falava dela e de como gostava de coisas estranhas, de como odiava a existencia no tedio, como amava beber vinho direto da garrafa (vinho pobre, devo dizer) eu olhava pra ela e pra como ela mexia as mãos desordenadamente, enquanto as palavras saiam de algum lugar perdido em sua mente, atravessavam desertos de medo e insegurança verdadeira, indo para em sua boca e consequentemente caindo nos meus ouvidos, percebi o que a fez se aproximar de mim. Eramos iguais.
Semanas depois não a vi mais. Sempre nos encontravamos naquela praça suja, eu com fome de existencia verdadeira, ela com receio de morrer sozinha-infeliz-burra-perdida. sentavamos debaixo das arvores, um carro estacionado do nosso lado, e sorriamos um pro outro enquanto conversavamos sobre musica, filmes, tristezas e jazz. era engraçado o jeito com que a luz do sol mineiro batia nos olhos dela, não era lindo, não era romantico, nem era excitante. Mas era de um jeito que me lembrava algo, alguma coisa que eu tinha perdido no meio do caminho ao paraiso perdido, algo que ela ainda tinha e estava prestes a perder, indo atras de seu proprio sentido.
Depois que nunca mais nos vimos, acabei me apaixonando por ela.
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